Marco Neves, Tradutor, Autor, Professor universitário e "blogger" faz-nos uma viagem em torno da palavra sexta-feira pela Europa e algo mais além, com resultados surpreendentes. Ora, leiam:
"Hoje é sexta-feira e, para lá de ser sexta-feira, é uma das poucas vezes em que podemos escrever o nome do dia da semana em maiúscula — Sexta-Feira Santa (isto por ser o nome de um feriado).
Pois bem, hoje deu-me para levar o leitor a passear pelos nomes da sexta-feira por essa Europa fora. Não podemos ir a todos os lugares deste belo continente, mas já que começámos em Portugal, seguimos pela estrada até chegar a Badajoz, onde o nome do dia é…
Não é difícil encontrar a origem do nome: vem de Vénus, essa bela deusa romana — deusa que, pelo Norte da Europa, tem uma congénere germânica de nome Freia. Esta tal Freia está aprisionada no nome do dia em inglês — «Friday» — e ainda no nome alemão — «Freitag».
Podíamos encontrá-la em mais línguas — mas não, não vamos dar um salto até ao Norte. Continuamos em Espanha e, antes de avançarmos na nossa viagem, uma surpresa: temos todos algum medo (pouco ou nada confessado) da famosa Sexta-Feira 13. Pois, em Badajoz, o dia que mete medo é a Terça-Feira 13… Coisas da vida e das fronteiras…
Já agora, sabe o leitor que o medo da sexta-feira 13 tem um nome clínico? É a perigosa «parascavedecatriafobia». Nem imagino o nome da doença de quem tem medo de dizer em público o nome da doença de quem tem medo da sexta-feira 13.
Avancemos, pois então. Chegamos a Barcelona, onde todos sabem muito bem que sexta-feira é «viernes», mas também pode ser…
Divendres
Este é o nome do dia em catalão — língua que tem a particularidade de ter todos os dias da semana a começar pela mesma letra: «dilluns», «dimarts», «dimecres», «dijous», «divendres», «dissabte», «diumenge». Como a letra «e» numa sílaba átona se lê como o nosso «a» fechado, este último nome, por exemplo, soa-nos a «diumenja».
Mas avancemos para lá da nossa bela península, não sem antes reparar que, em basco, o nome do dia se diz «ostirala» e, em galego… Já voltamos ao galego. Primeiro, o francês…
(...)"